sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Futmesa no Brasil


O jogo de botão, futebol de mesa ou simplesmente o futmesa, com certeza figura entre as diversões mais conhecidas e praticadas no Brasil. Em todos os recantos deste país, seja nos lugares mais distantes ou diferentes quanto o Amazonas e o Rio Grande do Sul, certamente encontraremos alguém que tenha experimentado a emoção de, em algum momento de sua vida, ter comandado seu próprio time, sendo  ao mesmo tempo técnico e jogador. Alguém que viajando na imaginação tenha pisado no gramado de um grande estádio de futebol como o Maracanã ou Wembley. Alguém que tenha sentido a sensação de marcar um gol pelo seu time do coração ou de levantar a taça de campeão. Estas são fantasias que somente a magia do futebol de mesa pode nos proporcionar.





Pois bem, de uma brincadeira de criança, o futebol de mesa ou futmesa, antigo jogo de botão é hoje um esporte de alto rendimento reconhecido pelo Ministério dos Esportes, altamente difundido e praticado por uma verdadeira legião espalhada pelo Brasil e outros países.


Futmesa hoje, um esporte de alto rendimento no Brasil
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As Origens
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É muito difícil determinar onde e como tudo começou e, embora muitos queiram reivindicá-la, a origem do futmesa se perde no tempo e no espaço.
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Existe uma teoria de que algumas brincadeiras de criança podem ter dado origem ao esporte:
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- O “jogo da pulga”, muito praticado na Europa, principalmente na Inglaterra que, consistia em pressionar uma ficha com outra fazendo com que esta salte para um determinado alvo, o gol, que seria um recipiente feito de vidro, madeira, plástico ou até papelão, sobre uma superfície lisa coberta por um tecido. Este jogo foi destaque no livro “Os Melhores Jogos do Mundo” da editora Abril. Veja abaixo uma breve descrição extraída do referido livro:
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Este jogo de destreza é muito popular em vários países da Europa e nos Estados Unidos, tanto entre as crianças como entre os adultos. Na Inglaterra, por exemplo, existem vários clubes e associações que se destinam exclusivamente à sua prática. Um dos maiores jogadores do país é o Príncipe Charles. A semelhança estaria no fato de que essa ficha pressionada por outra, seria o botão pressionado pela palheta, com a diferença que no jogo da pulga a ficha salta em direção ao alvo, e no futebol de mesa, o botão desliza sobre a mesa para acertar a bola e fazer com que esta, sim, vá até o seu destino que seria a baliza, tendo ainda que transpor uma barreira que é o goleiro.
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- O “jogo de tampinhas de garrafa”, como diz o nome éra jogado com três tampinhas de garrafa e, com o dedo, fazia-se com que uma tampinha passasse entre duas outras, por três vezes, sem esbarrar nas demais até chegar ao seu alvo, que seria o gol.
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A explicação para este jogo evoluir até o futebol de mesa seria que ao invés de empurrar a tampa com o dedo, passou-se a usar uma outra tampa, que seria a palheta, e no lugar da primeira tampa, o botão. E a exemplo do jogo da pulga, onde a ficha saltava para o gol, nesse jogo a tampa seria também impulsionada para o gol, diferentemente do futebol de mesa, onde o botão atinge a bola para que esta chegue ao gol.
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Mas o futebol, esporte mais popular do mundo, é quem foi o grande inspirador para a criação do futebol de mesa. Botões de qualquer tipo de roupa, casacos e camisas, foram as primeiras peças utilizadas para se jogar, por isso o nome de futebol de botão. Botões maiores se transformavam nos “zagueiros” os menores viravam “atacantes” e os mais pequeninos eram as bolas, fazendo uma analogia com o futebol.

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Jogava-se inicialmente nas calçadas que passaram a ser os gramados e riscava-se com giz o desenho do campo. Depois passou a se jogar em pisos de cerâmica ou mármore porque eram mais deslizantes, até chegarmos às mesas de jantar, que eram grandes e permitiam que se jogasse de pé e não mais agachado no chão. É justamente daí que vem o nome que perdura até hoje, pois jogo era jogado, literalmente, com botões de roupas, o que já não acontece mais no Brasil há muitos anos, dado ao avanço tecnológico e a dimensão organizacional que o esporte alcançou.
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O que se sabe é que os primeiros jogos aconteceram nas primeiras décadas do século passado e, o interessante é que, tudo começou a acontecer ao mesmo tempo, em vários lugares diferentes, como na teoria defendida por Aristóteles, numa verdadeira “abiogênese” ou “geração espontânea”.  Também é sabido que as primeiras cidades, onde o jogo começou a ser praticado, eram todas capitais e costeiras, donde é fácil deduzir-se que, provavelmente, num mundo onde ainda não existiam carros e aviões, foram marinheiros os responsáveis pela sua divulgação, assim como ocorreu com o próprio futebol. E assim o jogo de botões chegou também a outros países como Argentina, Uruguai e Espanha que, alias, até hoje reivindica ser o berço do futmesa mundial.
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Nessa época embora o futebol dos campos já estivesse começado a ultrapassar o remo na preferência popular, ainda era um esporte de elite e os clubes onde era jogado eram fechados às camadas mais pobres da população. Sendo assim jogar botão era uma maneira barata e imaginativa de estar num cenário inatingível para as crianças de então.
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Geraldo Cardoso Décourt

Geraldo Cardoso Décourt, ou simplesmente Geraldo Décourt, brasileiro, foi pintor, escritor, compositor e, segundo a maioria, o precursor ou criador do futebol de mesa no Brasil. Decourt nasceu em Campinas SP no dia 14 de fevereiro de 1911 e faleceu em maio de 1998.
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Décourt escritor
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Não se pode falar de futmesa, no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo, sem citar o nome de Geraldo Décourt. O Sr. Geraldo Cardoso Décourt foi o grande precursor futebol de mesa no Brasil. Em 1928 Décourt criou “Football Celotex”. Ninguém sabe ao certo o porquê deste nome, alguns dizem que era o nome oficial do tipo de madeira, um aglomerado, que Décourt usou para confeccionar as primeiras mesas. Outros dizem que, Celotex era o nome estampado na madeira dos engradados que Décourt conseguiu no porto do Rio de Janeiro para confecção das mesas, provavelmente era o nome da companhia de navegação ou do exportador.

Décourt, o grande precursor do futmesa brasileiro
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Em 1930 Décourt publicou o primeiro livro de regras oficiais e, a partir daí, os jogos de botões começavam uma curva evolutiva, digna de Darwin. Sendo assim, embora paulistas e paraenses digam o contrário, foi comprovadamente no Rio de Janeiro, então a capital do Brasil, que o futebol de botão começou a se organizar e a tomar forma de esporte.
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Décourt e o Football Celotex
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A regra de futebol de mesa escrita por Geraldo Cardoso Décourt, que hoje foi bastante aprimorada e já não é mais utilizada, foi fundamental para o crescimento do esporte no Brasil.

Assim começou o futmesa no Brasil
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A regra foi noticiada pelo jornal A Noite Esportiva em 1930 em uma reportagem sobre o Celotex, da seguinte forma:
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O Football Celotex é um esporte de mesa, no qual, em cada jogo, tomam parte dois amadores, que por sua vez representam dois teams formados por onze botões, assim distribuídos: um guardião, dois zagueiros, três médios e cinco dianteiros. Como se vê, o número de botões é idêntico ao número de players do Football Association. Para ser iniciado cada match é necessário que os vinte e dois botões estejam nas respectivas posições em mesa e, então, o desfavorecido pelo “toss” dará o “kick-off”, com o centro avante, o qual estenderá um passe para um dos lados, onde um outro botão do mesmo team impulsionará a bola, dando assim início ao jogo.
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Como se vê, enquanto um segundo botão do team favorecido com a saída inicial não tocar na bola, não valerá goal. Procedida a saída, o outro amador, chamado de B, jogará com um de seus botões uma vez e assim, sucessivamente, um de cada vez até que seja registrada alguma falta. A única ocasião em que cada amador poderá jogar duas vezes seguidas é, pois, no momento da saída do centro. Depois de cada goal a bola deverá ser colocada no centro da mesa, e o team que tiver sido vazado dará a saída. No Football Celotex considera-se foul quando um botão do team A roçar noutro do team B, sem que antes tenha “tocado” na bola.
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Considera-se hands (coisa raríssima) quando um botão do team A ficar sobre a bola. Neste caso, se for o guardião o infractor, proceder-se-á ordenando um “carring”, valendo goal direto. No foul e no hands valem goals directos, e se as respectivas penalidades forem consignadas dentro da área perigosa ordena-se um penalty. O “out-ball” é batido no lugar onde sair a bola, sendo que para ser valido um goal, procedente desta pena, é preciso que a bola toque em qualquer outro botão, antes de entrar na linha de goal. Nas saídas de goal ou, melhor, nos goal kicks, não será consignado o ponto proveniente da referida falta diretamente, mas sim depois que a bola tenha sido tocada propositalmente. Sempre que houver qualquer falta, os botões poderão ser removidos ou colocados pelas mãos dos patrões em lugares da mesa que este julguem convenientes. Os botões-guardiões só impulsionam a bola nos goal-kicks, e fora disso eles poderão ser colocados pelos patrões em qualquer momento da partida, mas antes que seja desferido o tiro a goal e não depois do tiro ser dado.
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O tamanho oficial da mesa é de 1,20m de largura por 2,40m de comprimento. Essas medidas são de dentro do campo, sendo que a parte que ficar externando a marcação quanto maior for melhor será. As mesas devem ser feitas com um material americano feito das fibras do bagaço da cana-de-açúcar ou, então, de madeira coberta com um pano verde, próprio para cobrir mesas de jogo. “Aconselho estes dois exemplos pelo fato de ser necessário que a superfície não seja escorregadia.”
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Décourt conquistou o reconhecimento e admiração de uma legião de praticantes pela sua incansável dedicação em colocar esse esporte ao lado dos entretenimentos mais populares do Brasil. Nascido em Campinas/SP, foi pintor, escritor, compositor e ainda o inventor do futebol de botão. O dia 14 de fevereiro de 1911, dia do seu nascimento, foi oficializado pelo governador Geraldo Alckmin, em São Paulo, no ano de 2001, como o "Dia do Botonista".

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Segundo informa o Sr Izo Goldman esta homenagem ocorreu da seguinte forma:
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Em 1988 o Departamento de Futebol de Mesa d’A Hebraica encaminhou à Federaçao Paulista de Futebol de Mesa a sugestão para que o dia 14 de fevereiro, data de nascimento de Décourt, fosse oficializado como “DIA DO BOTONISTA”. Em 11 de junho do mesmo ano, durante o X Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa, a FPFM oficializou a data. Em junho de 1990, durante o X Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa a Federação Paraense apoiou oficialmente a idéia. Aí começou um trabalho que envolveu o Della Torre, a Dona Edda Décourt a Célia Atienza, Irma do Geraldo Atienza e eu. Em 2000 o Deputado Ramiro Meves apresentou o Projeto de Lei No. 169/2000 que instituía o “DIA DO BOTONISTA” a ser comemorado em 14 de fevereiro. Finalmente a Lei No. 10.833 de 02 de junho de 2001 instituiu o Dia do Botonista.
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O documento dizia:
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“Institui o “Dia do Botonista” o Governador do Estado de São Paulo
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Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
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Artigo 1º - Fica instituído o “Dia do Botonista”, a ser comemorado anualmente, no dia 14 de fevereiro.
Artigo 2º - Esta lei entra em vigor no dia de sua publicação.
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Palácio dos Bandeirantes, 02 de julho de 2001.
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Assinaram o documento:
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Geraldo Alckmn (Governador do Estado de São Paulo)
Marcos Arbaitman (Secretário de Esportes e Turismo)
João Caramez (Secretário da Casa Civil)
Antonio Angarita (Secretário da gestão Estratégica)
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Antônio Maria Della Torre
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Geraldo teve como grande aliado e colaborador Antonio Maria Della Torre que arregaçou as mangas e trabalhou como um apaixonado pelo esporte ajudou a divulgar e fomentar o esporte pelo Brasil afora. Na época já existiam diversas modalidades: na região norte e nordeste praticava-se a pastilha 1 toque, também chamada regra baiana, na região sudeste e sul praticava-se a modalidade 12 toques então chamada de Regra Paulista e na região sul e sudeste praticava-se a 3 toques ou também chamada regra carioca ou confederada.
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Della Torre e Décourt
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Della Torre foi o grande responsável pelo reconhecimento do Futebol de Mesa como esporte pelo órgão responsável da época, o Conselho Nacional de Desportes (CND). Através da Resolução N.º 14, de 29 de setembro de 1988. Esta resolução acatou uma solicitação formulada por nove estados e levava em conta o grande número de praticantes do futmesa no Brasil (Ofício N.º 542/88 e Processo N.º 23005.000885/87-18). Esta resolução foi baseada na Lei N.º 6.251, de 8 de outubro de 1975 e no Decreto N.º 80.228, de 25 de agosto de 1977, assinada pelo seu então Conselheiro-Presidente Manoel José Gomes Tubino, o CND reconhece o Futebol de Mesa como modalidade desportiva praticada no Brasil, como uma vertente dos esportes de salão, no qual se incluem o xadrez e o bilhar, por exemplo.
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Entidades do esporte no Brasil
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No final dos anos 50 e início dos anos 60 começaram a surgir, a partir do estado da Bahia, depois no Rio Grande do Sul e logo no restante do país as primeiras “associações” organizadas para prática e competições exclusivas de futebol de mesa. Na virada dos anos 60 para os 70 começaram as disputas dos Campeonatos Brasileiros.
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O Futebol de Mesa é praticado oficialmente em três modalidades oficiais: Disco, Bola 12 Toques e Bola 3 Toques, além das oficiais inúmeras outras regras chamadas de regionais, como a “Gaúcha” e a “Maranhense” são praticadas no Brasil.
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Após o reconhecimento institucional do Futebol de Mesa como esporte (1988), as modalidades passaram por um crescimento estrutural e conceitual sem precedentes. As federações estaduais foram organizando-se e ganhando "status" semi-profissional e atualmente, existe uma interligação estrutural entre os eventos promovidos pelas federações estaduais. A CBFM e as federações estaduais de futebol de mesa (futmesa) desenvolvem campeonatos nacionais e estaduais individuais e por equipes. Os campeonatos reúnem departamentos de futmesa de grandes clubes de futebol com também clubes de futmesa que existem em todo Brasil, nas suas diversas categorias e regras.




A CBFM (Confederação Brasileira de Futebol de Mesa) regula e orienta a prática do esporte no Brasil. Uma das principais lutas dos praticantes é fazer com que o esporte seja conhecido pelos leigos como Futebol de Mesa e não como Jogo de Botão, pois essa associação faz com que o esporte esteja ligado à prática de um jogo infantil o que dificulta seu reconhecimento público como esporte e, conseqüentemente, seu desenvolvimento.
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Algumas Federações Estaduais


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Regras básicas das modalidades oficiais
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Bola 12 Toques
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Inicialmente conhecida como "Regra Paulista" tem cada partida com a duração de 20 (vinte) minutos e é disputada em 2 (duas) fases de 10 (dez) minutos, com intervalo máximo de 5 (cinco) minutos entre a primeira e segunda fases. Estando um jogador com a posse de bola, este terá direito a um limite coletivo de 12 (doze) toques, sendo que se até o 12º toque não houver chute a gol, será punido com tiro livre indireto cobrado do local onde a bola estiver estacionada. Cada botão, dentro do o limite coletivo de 12 (doze) toques, terá direito a 3 (três) toques ou acionamentos consecutivos. Se ocorrer um quarto acionamento consecutivo, será punido com tiro livre indireto cobrado onde ocorreu o toque excedente.
O Campeonato Brasileiro Individual da modalidade Bola 12 Toques é disputado desde 1989. O Campeonato Brasileiro de Clubes da modalidade Bola 12 Toques é disputado desde 2007 com clubes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Alagoas e Piauí. Nas três vezes que foi disputado (2007, 2008 e 2009) a Sociedade Esportiva Palmeiras sagrou-se campeã. Em 2009 foi realizado na cidade de Budapeste (Hungria) o primeiro Campeonato Mundial da modalidade Bola 12 Toques, sendo o Brasil campeão por equipes e o atleta Marcos Paulo Liparini Zuccato, mais conhecido como Quinho, foi o campeão mundial individual.
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Bola 3 Toques
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Inicialmente conhecida como "Regra Carioca", tem seu Campeonato Brasileiro Individual disputado desde o início do anos 80. Em 2005 foram criadas as Copas do Brasil Individual e de Clubes sendo Vander Felipe (MG) o 1º campeão, em 2006: Altanir Junior (RJ), em 2007: Lorival Ribeiro (MG), em 2008: Evandro Gomes (MG) e em 2009: Marcus Motta (MG). Na competição de Clubes a Portuguesa (MG) conquistou o 1º titulo em 2005, em seguida a ACFB (RJ) venceu nos anos de 2006 e 2007, em 2008 o Grêmio Mineiro (MG) e em 2009 o Rio Branco de Americana, deu o primeiro titulo nacional para o estado de São Paulo.
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Disco
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Inicialmente conhecida como "Regra Baiana" ou “1 Toque” tem hoje duas categorias: Livre e Especial. A categoria livre permite a utilização tanto de botões cavados como lisos, já na categoria especial é permitida somente a utilização de botões lisos.
Futmesa no exterior
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Futmesa no exterior
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O Futebol de Mesa, tal como ele é jogado no Brasil e suas variações, é praticado em diferentes países, entre eles, Argentina, Uruguai, Chile, Espanha, Hungria, Romênia, República Tcheca, Sérvia, Croácia, Suíça, Rússia, Ucrânia e Japão.
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Sectorball
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É um esporte praticado notadamente no leste da Europa com muitos pontos em comum com o Futebol de Mesa praticado no Brasil. Já foram disputados cinco campeonatos mundiais de Sectorball sendo o último realizado na Hungria no ano de 2009 pela Federação Internacional de Sectorball, que estará em 2011 provavelmente promovendo no Brasil junto com a CBFM o 6º Mundial de Sectorball e o 2º Mundial de Futmesa modalidade 12 toques que hoje é a regra que foi internacionalizada pela similaridade que existe entre o sectorball e as modalidades 1 e 3 toques brasileiros.
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O Sectorball é o futmesa europeu
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Material utilizado
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Botões
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Até a década de 40, famosos e populares eram os “botões de osso” ou “botões de paletó”, que eram “lixados” para conseguirem melhore desempenho, dentre esses, uma classe de botões conhecida como “Paulo Caminha” marcou época. Em seguida outros materiais alternativos também foram utilizados como chifre de boi, ossos de animais e casca de coco.
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Botões de osso ou de paletó
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Botões de casca de côco
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Botões de chifre de boi
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Na década de 50, as fichas de galalite do pôquer dos cassinos começaram a ser utilizadas como também as fichas das antigas “lotações”. Surgiam então os botões com “camadas” onde estas fichas eram coladas em camadas e depois trabalhadas na lixa e polidas. Foi então que começaram a surgir as primeiras “indústrias” de botões de plástico, fabricados especificamente para o jogo, com adesivos colados ao centro, contendo os escudos ou mesmo as faces dos jogadores dos times famosos do Brasil.
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Botões de galalite
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Os botões "Estrela", lançados, na década de 50, eram os conhecidos e procurados "canoinha". Tinham uma estampa com o rosto e o nome dos jogadores em preto e branco. Eram times de São Paulo e Rio de Janeiro, lançados com escalações alteradas, fazendo com que alguns jogadores figurassem em times diferentes.
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Botões "canoinha" da Estrela
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A "Coleção Onze de Ouro" foi feita em homenagem às seleções brasileiras de 1958 e 1962, equipes campeãs mundiais, e os times que possuíam jogadores nestas seleções e que tinham maior destaque à época no Brasil, que eram os paulistas; Palmeiras, Santos, São Paulo, Portuguesa e Corinthians; e os cariocas; Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense e América.
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Coleção "Onze de Ouro"
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Esta coleção teve duas etapas, a primeira em 1964 e a segunda em 1965; eram botões vendidos em bancas de jornal, em pacotinhos com um botão dentro e para se conseguir as palhetas (apertadeiras e outros nomes dependendo do estado), goleiros e as traves (goleiras no sul) era preciso trocar "jogadores chaves" pelos mesmos. A coleção até hoje é procurada pelos colecionadores sedentos por possuir os grandes jogadores de uma época de ouro de nosso futebol.
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Nos anos 60 vieram as “capas de relógios”, também conhecidas como “vidrilhas”, que nada mais eram que os “vidros” substituídos dos relógios que iam para conserto. As vidrilhas tinham a vantagem de, por serem ocas e transparentes, possibilitar a colocação de figuras como escudos, uniformes, nomes e rostos de jogadores, recortados de jornais, revistas ou álbuns de figurinhas. Também aviam aqueles fabricados em casa, onde se colocavam pedacinhos de materiais plásticos diversos dentro de forminhas de doces ou até mesmo das medidas de “leite Ninho”, colocava-se a forma sobre a chama do fogão para derreter os plásticos e depois era só dar uma lixada e pronto, mais um craque multicolorido.
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Os "banca de jornal"
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Quase que concomitante ao lançamento dos botões Onze de Ouro, a febre do jogo de botão invadiu o Brasil e foram lançadas algumas séries denominadas "Craques da Pelota", onde existiam os "patente requerida" e "marca registrada", brincadeira derivada do fato de vir escrito atrás da chapinha que prendia o rosto do jogador, estas palavras. Também criaram a série "Ídolos do Futebol" que além de ser vendida em bancas de jornal, era encontrada também nos grandes magazines.
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Série Bolacril da Bolagol
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Bolagol tradicional
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Os Bolagol eram botões fabricados pela "Plásticos Santa Marina" tendo de início o nome "Futebol Miniatura"; vinham em caixas de time simples ou em caixas de times duplos. Os fabricantes de botões "BOLAGOL" primaram em fazer uma das maiores coleções de times do Brasil e estrangeiros de que se tem notícia, ninguém fabricou tamanha diversificação de times de tantos estados brasileiros; a coleção é composta por aproximadamente 130 equipes entre brasileiras, seleções e estrangeiras.
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Os "panelinha" da Estrela na versão FLAFLU

Palmeiras Bi-campeão no futebol nos "panelinhas" Estrela
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Nos anos 70 o botão já era esporte e a sua fabricação industrializada. Pequenas fábricas produziam os bonitos, mas caros, botões em galalite, enquanto as grandes indústrias de brinquedos fabricavam em larga escala modelos populares de plástico. Por outro lado, os atletas “profissionais” de então adotaram o acrílico, a madrepérola, o craquelê, o paladon ou a mica, materiais utilizados até hoje! Estrela criou um novo botão, mais alto, porem mais barato e de menor qualidade que o famoso "canoinha", eram eles o Estrela “chutador" ou "panelinha", que mantinham as fotos e nomes dos jogadores. Depois a "Estrela" lançou a mesma série com escudos dos clubes de futebol do Brasil.
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Vasco Brianezi
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Os botões Brianezi foram muito famosos e utilizados em campeonatos promovidos pelo próprio fabricante, que foi um grande incentivador do futebol de mesa

Galo de Luiz Gonçalves, semelhante aos Brianezi
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Luiz Gonçalves era outro fabricante e artesão que fazia os botões em uma loja da 24 de maio no centro de São Paulo.
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Guliver lança os seus primeiros botões
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Bugre de Campinas nos "panelinhas" da Guliver
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Série Guliver Cristal Mundial de Seleções
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Série Cristal Guliver de times brasileiros
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Botões Guliver: o último modelo de botões fabricado com o rosto dos jogadores de futebol foi a série Gulliver, que veio com algumas variações, dentre elas um botão chamado "cristal".

Craks Alemanha
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Craks Brasil
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Botões Troll
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Outros fabricantes: Troll, Craks e os Botãominio também foram lançados para crianças.

Os "futuristas" Botãominios
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Os botões “oficiais”, feitos em diversas cores, formatos e tamanhos, sempre dentro das medidas mínimas e máximas de cada regra, alcançaram um nível de beleza, requinte e sofisticação tal que inclui, até mesmo, escudos metálicos embutidos dentro dos botões, personalizados e sob encomenda, de acordo com a orientação e as especificações de preferência do botonista.
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Botão de paladon
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Botões de diferentes tamanhos, modelos e multicoloridos
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Botões com pin metálico embutido
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Botões personalizados
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Goleiros
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Os goleiros também no passado eram improvisados, principalmente com a utilização de caixas de fósforo nas quais colocados alguns materiais como, pedras, argila, chumbo, pilhas usadas, etc, para que ficassem mais pesados. Posteriormente as caixas eram revestidas com fitas adesivas (isolante preta) ou com alguma estampa e fita “durex”. Atualmente os goleiros são produzidos com os mesmos materiais utilizados nos botões.

Goleiro de acrílico
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Goleiro com distintivo gravado
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Traves ou "goleiras"
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Já as traves foram os componentes que menos se transformaram, anteriormente eram feitas somente de madeira, cujo material continua sendo utilizado por algumas modalidades, mas atualmente normalmente são de arame de ferro galvanizado, pintadas de branco. As redes são feitas de filó. As traves, assim como os botões e goleiros devem ter suas medidas definidas conforme à regra em questão.
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Trave ou "goleira" com a armação metálica e rede de filó
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Reguas e palhetas ou "fichas"
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E as palhetas que no passado eram os próprios botões, passaram para fichas de pôquer, tampas de potes de maionese, por serem mais finas, atualmente são fabricadas em acrílico de forma e tamanho personalizadas, conforme o preferência do botonista. A grande maioria dos botonistas, atualmente, substituíram as palhetas ou “fichas” por réguas também fabricadas em acrílico.
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As reguas são a preferência atualmente

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As palhetas ou "fichas" ainda utilizadas
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Bolas, discos e dadinhos
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No princípio as “bolas” eram também botões de roupa, menores é claro ou até grãos de milho lixados, utilizados com disco. Para os que preferiam esferas eram utilizadas bolinhas de miolo de pão ou de papel laminado. O formato da “bola” na verdade é o que realmente determine a modalidade. Nas modalidades Bola 3 e 12 toques, a “bola” é realmente uma bolinha, de forma esférica, já na modalidade disco, a “bola” não é esférica, mas em forma de disco.
Existem inclusive modalidades ainda não oficiais onde a “bola” na verdade é um cubo (dadinho). Atualmente o discos são fabricados em plástico e as esferas com feltro.
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Bola de Feltro
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Dadinho
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Discos
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"Bola, pra que te quero"
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Mesas
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Não fica difícil imaginar porque o nome, futebol de mesa. É lógico, já que é um futebol com botões jogado em cima de uma mesa. Então a partir daí se encontrou o material ideal para se jogar, a madeira podendo ser utilizados os chamado de “aglomerados” ou “compensado” como até pranchas de “madeiras de lei”. O importante é que a superfície seja perfeitamente plana para permitir o deslizamento dos botões. As mesas podem ter a coloração natural da madeira ou serem coloridas artificialmente conforme a preferência dos usuários.
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O Xalingão, semelhante ao Estrelão para crianças
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Mesa de madeira com as cores do gramado
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Mesas para todos os tamanhos
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A emoção do futebol sobre mesas de madeira
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Maletas e estojos para os botões (ônibus)
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Estojo ou "ônibus" para os botões
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"Ônibus" de diversas cores e tamanhos
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Caixas personalizadas
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Hino do botonista
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Como uma verdadeira “prova de amor” ao esporte o Sr. Geraldo Décourt também foi o autor da letra e música do “Hino do Botonista”.
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Partitura:
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Esta partitura foi encomendada ao músico Sérgio de Oliveira de Moraes em 1995, exclusivamente para o livro Botoníssimo, de Ubirajara Godoy Bueno. O MIDI foi gravado pelo músico Hermes Monteiro, de São Bernardo do Campo – SP.
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Letra:
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Botonista eu sou com justo orgulho
Boto muita fé no meu botão
Botonista eu sou com muita honra Isto é verdade,
eu não me arrependo não Botonista
eu sou com persistência
Jogo a qualquer hora com prazer
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Pois jogando em qualquer regra!
Eu vou praticando o meu lazer - bis
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Eu jogo limpo, jogo sério sem esbulho,
Pois prá mim adversário considero como irmão
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Aviso logo para quem jogar comigo que somente
me vencendo poderá ser campeão - bis  
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Música:
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Gravação com Décourt no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=-4f58x69JJY
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7 comentários:

  1. Parabéns Rangel!
    Ficou fantástico o blog!
    Acabei de falar com uma pessoa que jogava o futmesa na década de 50.
    Abraço!
    Roberto Grisa

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  2. Ficou muito legal o Blog! Sensacional essa retrospectiva do futmesa... Adorei! Parabéns Rangel!
    Clair Marques

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  3. LH.ROZA...
    Nossas saudações ao "Editor",exelente retrospectiva das origens dessa nossa paixão que é o FUTMESA, em que as maiores VITÓRIAS sem dúvida são as grandes AMIZADES conquistadas em torno das mesas...
    JOINVILLE-SC-Um forte abraço

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  4. Sensacional o Blog!!!!
    1 abraço a todos!!!
    Alex Degani

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  5. ola
    tenho times de botão tipo canoinha com os times de 1972, mais estão deteriorados gostaria de saber se alguém sabe a onde posso conseguir a carinha dos jogadores ...seja pra comprar ou pra abaixar e imprimir...agradeço ..parabéns pelo site abraço a tds.
    se alguém puder me dar essa informação meu email segue a baixo
    gavazziw@yahoo.com.br.

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  6. Parabéns, graças a dedicação de todos o esporte ainda vive

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  7. Sou colecionador, meus times já chegam 8.000, entre clubes e seleções, e uma honra saber que ainda o esporte é forte, obrigado a todos

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